melancholia

Mamãe me levou à farmácia falar com Herculano sobre minhas crises de choro desmotivadas, que vinham quietinhas durante a noite. Eu mesma não sabia por que vinham. E chorava sem tristeza. Não como quem corta cebolas. Chorava como quem vê um filme do Rossellini. Não de uma tristeza que vem de dentro, mas que chega por fora. Doze, treze anos. O corpo mudando muito, crescendo assustadoramente rápido. Acho que a alma ficou um pouco desprotegida dentro daquela carcaça larga.

Tomei um vidro de um composto de flor de maracujá. E tentei ser mais discreta a partir desse dia.

As tristezas vêm de fora às vezes. Quando vêm de dentro são justificadas. As que vêm de fora são egoístas, invejosas, inventadas.

Ou apenas contemplativas.

Me lembrei disso vendo o filme do Lars.

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